28 de janeiro de 2008

Natação

É a actividade de eleição. Para quem a faz. Para quem faz transporte e logística, tem uma vantagem: 45 minutos de solidão, café, ipod, livro ou documentação de trabalho. Mas o pior de tudo é mesmo o convívio. No balneário, muita gente junta. O duche, o espreme-espreme do fato de banho, a toalha, o champô, o secador, o calor. O calor é um caso. E o barulho de fundo, esse, inconfundível. "Duarte, DES-PA-CHE-SE!". "Ô Isabelinha, ôlhe a havaiana!". E sim é ô Isabelinha, não é ó Isabelinha, que nós vamos à neve e falamos ao tefone, logo, dizemos ô Isabelinha. E são havaianas, não são chinelos. E a saga continua. Ora dá-se o caso que o mais velho foi "convidado" a ir para o balneário masculino, sozinho, para manter o pudor e não incomodar as senhoras. E foi. Sozinho e desenrascado. Só que hoje fui brindada com a presença de dois elementos do sexo masculino, na idade do meu que foi convidado a ir para o balneário com homenzinho na porta. E dirijo-me à recepção, para uma conversa do foro reclamativo. Vai daí, apanho uma mãe ô à minha frente que fala com a recepcionista acerca de qualquer coisa. A recepcionista diz-lhe "Dona tal, fazemos assim...". Resposta da D. tal? "Dona? Desculpe, trata-me pelo meu título, está bem?". Faz-se silêncio e dá-me um ataque incontrolável de riso, que a recepcionista se esforça ao limite por não acompanhar. Eu não digo que 2008 será de gargalhar? Dirigi-me à porta para me ir embora. A rir a bom rir. Se a D. tal quisesse dizer-me alguma coisa teria de estar caladinha. Afinal, eu teria moral e condições para a "obrigar" a tratar-me por um qualquer título. Caricato, este país. Muito caricato.

5 comentários:

Ele disse...

Ôlhe,
ainda que sinónimo, em determinadas circunstâncias, chamar-lhe-ia burlesco.
Há ainda tantos, mas tantos, que nos fazem parecer viver num lugar*, não num país.

*como pequeno estabelecimento de venda de hortaliças.

Mandrake disse...

Bertold Brecht exclamaria:
"E não se pode exterminá-los?!"

A "sinhora", coitada, só estava a reclamar o seu "peddygree"...
Pois se até a nossa boxer tem!

Mandrake disse...

Adenda:

Ao reler o título do post, lembrei-me de uma velha canção dos "Banda do Casaco", mais propiamente "Natação Obrigatória", pois acho que tem um refrão, popularucho e um tanto brejeiro,é certo, que assentaria que nem uma luva, deveria dizer "as a glove"?, na "sinhora titulari" e que, por não estar no meu blogue, me dispensarei de enunciar aqui...

Mas é muito popular e fala das óbvias similaridades entre "reais traseiros" e outros mais plebeus... pelo menos na emissão de peculiares sonoridades, eventualmente acompanhadas de matérias gasosas ou outros resíduos...

Estiquei-me muito?

Ouriço disse...

Nada! Os teus contributos são sempre altamente engrandecedores dos meus posts.

Caro ele, ôlhe, tem toda a razão mas há "lugares" substancialmente mais civilizados, onde paira gente substancialmente mais simpática e mais normal do que alguns "sítios" por muitos frequentados.

claudia disse...

quem se esforça muito por mostrar uma coisa é porque a não tem...genuinamente à vista! ;)