30 de setembro de 2008

Apologia da bica

E vou eu comprar não-sei-quê que precisava quando tropeço num Starbucks, coisa à qual me habituei em sítios como Londres, por exemplo. O entusiasmo do mais velho levou-me a entrar para beber um café. Expresso, já que todos os outros me baralham uma cabeça já de si cansada.

-"Como é que se chama?"
-"Hum?"
-"O seu nome."
-"O meu? Y! (pensei em responder Pancrácia mas contive-me...)
-"Ó não sei quantas!!!! Um expresso e um muffin para a Y!"
É nesta altura que eu começo a alucinar.
-"Ó Y! O seu pedido está pronto!"

Palavra que me passei... Uma criatura a chamar-me pelo nome aos gritos? Fiquei doente. É que deixei o café a meio, paguei 5 Euros pelo dito e pelo muffin e fiquei entupida... Resultado? Não volto. Prefiro ir à Fnac ao lado, sentar-me e beber uma bica curta e um queque, ou um pastel de nata ou qualquer coisa bem portuguesa. Para americanices já basta a crise.

29 de setembro de 2008

Pequeno almoço enriquecedor...

- Bom dia, dê-me dois copos de leites por favor.
- Quentes ou frios?
- Desculpe, dê-me antes dois quartos de Vigores.

27 de setembro de 2008

Áurea

E pronto. Quando a vida de todos nós segue o seu percurso normal, rotineiro e preocupado com coisas de nada, surge a necessidade de parar. Parar para estar com a Áurea, que sofre hoje da perda dilacerante. Quando a vida segue o seu percurso normal, rotineiro e preocupado com coisas de nada, a vida da Áurea muda para sempre. A morte é assim. Estúpida. Não olha a meios. Simplesmente acontece. Tira-nos bocados que não voltam. Arranca-os violentamente. Podia dissertar a esse propósito mais tempo mas não o vou fazer. Só te peço, Áurea, profundamente, que acredites que onde quer que esteja, vai estar, sempre, a olhar por ti. A tomar conta de ti como ninguém. Acredita nisso. E chora. Chora tudo. Nós estamos cá para ti. E vamos rir muito contigo pela vida fora. Força. Muita força. E chora tudo agora. Nós choramos contigo para nos rirmos contigo pela vida fora.

24 de setembro de 2008

Pepino e pan pipes?

Ganhar anos de vida. Ganhar anos de vida na maturidade e no espírito, sim. Acontece. Não sabia era que num espaço curto de tempo fosse possível envelhecer-se depressa. E acontece! Que a vida é uma selva, já se sabe. O meio profissional transformar-se num envelhecedrómono é que é chato. Até me estou nas tintas para as rugas, não sofro da paranóia dos cremes, mas acho que vou começar a ir trabalhar com rodelas de pepino nos olhos. Isso e aquela musiquinha pan pipes que não fosse dar-me a volta às entranhas até podia ajudar. A solução? Respirar, equacionar umas idas ao odiado ginásio, manter o soundtrack Mamma Mia aos gritos nas colunas do ipod e pensar sempre, sempre, que há vidas piores que as nossas. Qualquer sentido de optimismo supera as rugas. Afinal, rugas são só rugas, os brancos tapam-se nos cabeleireiros e amanhã começa a 5ª temporada da Anatomia de Grey. Quanto ao resto haja (alguma) alegria e muita, mas muita saúde mental.

S. acreditas que tenho nestes dias tido saudades daquela falta de luz?

23 de setembro de 2008

Ah grande Moisés!

O Moisés liderou a travessia no deserto sem quaisquer condições. Pergunto-me como. É que vejo-me acompanhada da minha Caramulo 1,5 litro, das minhas tabletes de 72% de cacau e outros tantos apetrechos como sejam restaurante, bar, café, roupa lavada e banho tomado, sem areia nem sol e arranjo dificuldades para atravessar, no sentido bíblico e figurado, o deserto de alguns dias. Pai, faz lá isso depressa para irmos aos côcos. É que às tantas o que safou o Moisés foi um oásis com palmeiras e spa e vai-se a ver não relataram isso no Livro.

19 de setembro de 2008

17 de setembro de 2008

Da tipologia do crápula

Tenho andado a divagar, nos tempos livres, a propósito do conceito de crápula. Aplicável a eles e a elas. Durante a nossa vida, vamos tropeçando, aqui e alí, em crápulas e chegamos aos 32 com a certeza das suas diversas tipologias. Na escola são os que nos "atacam" com caras de maus (más também, entenda-se). A coisa vai andando e começamos a notá-los (las) sem escrúpulos. Roubam coisas, fazem intrigas, denigrem os que estão à sua volta. Com o tempo aparecem os (as) que chegam para marcar posição, fazem história, ficam nela e depois nos desiludem e passam à tipologia dos temporariamente crápulas. Depois passa. Há-os (as) depois cobardes. São crápulas mas nem têm coragem para assumir que o são. Esses (essas) passam desprecebidos. Há aquele (aquela) crápula tão crápula, o sonso, que não desiste de as tramar e acha que sai da coisa ileso. Há depois o (a) crápula oportunista, que faz tudo para se auto promover. Para se dar bem. Há o crápula-serpente, com dons extraordinários de, petit a petit, se ir infiltrando nas existências mais comuns, para delas tirar conveniências. Há os (as) crápulas-crápulas onde se inscrevem ex namorados (as) de amigos (as) que como os (as) fizeram sofrer, nos fizeram sofrer também. O que é engraçado é que o conceito de crápula é útil à sociedade, a nós. Os (as) crápulas tornam os que não o são, melhores ainda e as maleitas da vida, aliadas ao sentido de observação trazem um rápido reconhecimento destas várias tipologias. Há depois um outro conceito, o de sacana, palavra feia, que define coisas feias. E desses (dessas) eu já tenho medo.
E esquecia-me, claro, da tipologia do crápula chico-esperto. Afinal, trata-se de uma característica cultural deste maravilhoso país à beira-mar plantado.

15 de setembro de 2008

Portuguese people in concert



75.000 pessoas na Bela Vista (sítio híbrido, até ontem desconhecido) assistiram ontem, em histeria colectiva, ao concerto da Madonna. O português per si já é complicadinho mas quando se junta torna-se insuportável, principalmente numa altura na qual se assiste à crise dos números mas também dos valores e da educaçãozinha. Pisam, gritam, guincham, empurram e elas (ontem em maior número), munidas de sinistras unhas (leia-se "unhacas") de gel pintadas de encarnado (leia-se encarnado histérico) e cheias do sentimento "Meu Deus, porque me fizeste tão mas tão boa", dão dó na sua necessidade de exibição. No meio disto tudo, encontram-se pessoas sorridentes, simpáticas e divertidas. Claro que nem tudo é mau. Mas estão claramente em menor número. E lá foram eles, e eu, acompanhada também pelo meu dedo do pé partido, conhecer de perto o mito. Até gosto. Lembra-me a minha adolescência. Lembra-me Like a Virgin, para a qual olhei sempre um bocadinho de lado, lembra-me o True Blue, lembra-me La Isla Bonita mas não sou fanática. Admiro-lhe o seu lado de camaleão. Admiro-lhe a sua forma física. Ontem, Madonna deu um concerto também ele camaleónico, rico em espectáculo. Conheço vozes muito mais admiráveis mas chegou a horas. Encantou. Não chegou nem atrasada, nem bêbeda, nem cheia de heroína e contemplar um profissional sério é sempre um bom presente. Madonna é um verdadeiro animal de palco e por isso, aqui ficam, neste ínfimo espaço virtual, os meus sinceros e respeitosos cumprimentos. Quanto aos portugueses, haja cursos intensivos de educação colectiva!

11 de setembro de 2008

Mamma Mia!!

É levar as crianças, é rir à gargalhada, é cantar, é ouvir o cinema todo a cantar, é sair do cinema a cantar Take a chance on me. É, num filme cheio de alegria, que tanta falta faz à conjuntura, ver juntos, o Pierce Brosnan, o Colin Firth e a Meryl Streep. Uma maravilha!

10 de setembro de 2008

Coisas únicas

Ó mãe! É a Mónica Luisa!!!!
(Eu já lhe tinha ouvido chamar muita coisa....)

8 de setembro de 2008

Complicado?

Educá-los e vê-los crescer. Vê-los crescer e educá-los!

2 de setembro de 2008

Das três, uma.

Hoje tive o azar de almoçar ao lado de três adolescentes altamente produzidas. Na minha adolescência, como é próprio da mesma, tive conversas muito parvas (e ainda bem, "ó tempo volta para trás" e todos nós gostaríamos de voltar a ser adolescentes) mas há limites. O número estapafúrdio de parvoíces que eu ouvi em 30 minutos espantou-me. Das três, uma. Ou estou a ficar velha e dou por mim a perceber porque é que a minha mãe me dizia "filha, isso que tu tens chama-se idade do armário", ou as adolescentes de hoje são demasiado "avançadinhas" ou uma mistura das duas. Aposto na última. O pior é que dei por mim a olhar para a minha companhia de almoço - a minha futura adolescente - e a pensar que não sei se daqui a 10 anos - ou menos -, vou ter paciência para "aquilo". Bem feita. Quem me manda a mim ter incomodado a minha mãe com as vicissitudes da adolescência? Elas tardam mas não falham....