17 de dezembro de 2010

Figadeira

Tomar as dores de um filho é inevitável. Nem todo o exercício de racionalização impede a vontade de os defender, mesmo quando a razão não está inteiramente do lado deles. Tenho figadeira de pensar em gente mal criada que lida com crianças como se de adultos se tratassem. Ser mãe não é fácil, não poder ser omnipresente não é fácil, não mandar pessoas àquele sítio em determinadas situações não é fácil, ser civilizado não é fácil. O que é fácil é pensar que o melhor, em certas situações, é ignorar majestosamente e com educação, transeuntes da nossa existência, que o melhor que merecem é toda a força da nossa capacidade de ignorar. E servem estas palavras como tentativa de desmistificar a eventual sobrevalorização e a frustração de não poder reagir de forma coadunada com o instinto puramente humano de defesa da cria. Afinal de contas, também pode ser essa a utilização do meu blog. Se eu tivesse figadeira pós natalícia, tomava um medicamento. Como tenho figadeira psicológica, tento resolvê-la com palavras. Mesmo que isso implique, per si, dar importância a um assunto que não deve ser importante...

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