"Seu avô, aquele gordíssimo e riquíssimo Jacinto Galeão a quem chamavam em Lisboa o D. Galião, descendo uma tarde pela Travessa da Trabuqueta, rente de um muro de quintal que uma parreira toldava, escorregou numa casca de laranja e desabou no lajedo. Da portinha da horta saía nesse momento um homem moreno, escanhoado, de grosso casaco de baetão verde e botas altas de picador, que, galhofando e com uma força fácil, levantou o enorme Jacinto - até lhe apanhou a bengala de castão de ouro que rolara para o lixo. Depois, demorando nele os olhos pestanudos e pretos:
- Oh Jacinto Galeão, que andas tu aqui, a estas horas, a rebolar pelas pedras?
E Jacinto, atrurdido e deslumbrado, reconheceu o sr Infante D. Miguel!"
Eça de Queiroz, A Cidade e as Serras
9 de novembro de 2006
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