18 de fevereiro de 2007

Quase

"Um pouco mais de sol - eu era brasa.
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...

Assombro ou paz? Em vão...Tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor - quase vivido...

Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minh´alma tudo se derrama....
Entanto nada foi só ilusão

(...)
Mário de Sá Carneiro

7 comentários:

n©n disse...

Quase...perfeito...
não fosse a tristeza.

Ouriço disse...

Há que ter ânimo.
Não repito. Prometo!!!

n©n disse...

Repete sim, porque não?
Escolhas deste nível, nunca serão más escolhas. Tristes, alegres, loucas, arrojadas....

Maria Eduarda Colares disse...

É o poema de todos nós, portugueses - ou quase, quase todos - um pouco mais de qualquer coisa e éramos além. Mas esgotámo-nos a desafiar o Adamastor e desde então resta-nos uma cerat disfunção eréctil mental.
No entanto é sempre bom pensarmos nisso. Quem sabe se um dia não seremos de novo asa ou brasa.
Belas escolhas neste blog que nos vão fazendo pensar, sorrir, imaginar.

Ouriço disse...

Obrigada m.
Leio-o constantemente, há anos. Acho o lindo, apesar de triste. Tenho que ser honesta. Leio pouca poesia, sou mais dada a prosa mas este Quase, particularmente, é-me querido. Tinha de o pôr aqui.

Ana Paula Sena disse...

Sim,tinha que ser. Ele tinha que constar. Apenas porque é de facto UM dos MEUS poemas preferidos. Desde sempre. Esta ideia do quase é um bocado triste mas também pode não ser porque quer dizer que...só falta mais um bocadinho. Um tudo nada mais e conseguimos! :)
E com estas escolhas de poesia e não só, é um prazer visitar este blog.
Aproveito para dizer que o post da M. me fez sorrir com gosto. É demais!
A.P.

Ana Paula Sena disse...

Errata: onde se diz o "post" da M., deve ler-se o "comment" da M.
A.P.