19 de setembro de 2007

"A primeira fase do saber,
é amar os nossos professores."

Erasmo de Roterdão

8 comentários:

O Pai disse...

Ou muito me engano, ou este post parece destinado a gerar controvérsia e animada discussão entre os leitores deste blog . . .

Ouriço disse...

Ora bem!
A ideia é essa. Vamos ver se resulta.
(Não tirando o mérito e a razão ao grande Erasmo, claro...)

esquilo disse...

começo eu?...:P

"ninguém ensina nada a ninguém.há é quem aprenda porque tem vontade de aprender..."
não sei quem disse...

para se ser professor devia ser preciso ir primeiro ao detector de mentiras e a pergunta seria:
-vai ser professor porque ama ensinar?
e se calhar para ser pai e mãe também...

same thing para médicos.

(comentário de irmã (logo,suspeita) de professora há 31 anos...)

Ouriço disse...

bem, para aprender, é preciso ter alguém que ensine, seja ou não professor...
concordo, é uma vocação e tal como acontece com o papel de mãe, é preciso também paciência
seja como fôr, é preciso gostar muito,

já com os médicos, a conversa tem a ver tb com muito esforço e dedicação: Esculápio deixou escritas, nos primórdios gregos, palavras sábias:

"não penses que esta profissão te torna rico, é um sacerdócio (...) tu viverás só nas tuas tristezas, nos teus estudos (...) o mundo te parecerá um grande hospital..."

obrigada!
bjs

Mandrake disse...

Aquele que se recusa a continuamemte aprender jamais deverá ensinar.
Na moderna acepção, professor é sinónimo de gestor de conhecimento, isto é, é o responsável pelo espaço físico da sala de aula, mas não é o único detentor do conhecimento, pois todos os contributos dos alunos, os bem intencionados, deverão ser tidos em conta numa perspectiva de enriquecimento global, culturalmente falando.
Para isso, é fundamental haver forte empatia entre "mestre e discípulos", pois, de acordo com a "Teoria das Expectativas", se o aluno sente que o professor se preocupa consigo e acredita nas suas potencialidades, ainda que quase nulas, acaba por se transcender e obter bons resutados só para não perder o afecto e a sensação de "ser alguém", pelo menos para aquele "kota" que até é "baril", "cool"...

Tudo isto seria muito bonito se a indisciplina não grassasse e se a classe docente não fosse, na sua maioria, um covil de gente invejosa, maldosa, naquilo que já alguém chamou um dia de "caixote de lixo das outras profissões".
Tudo isto existe, tudo isto é triste... tudo iso é fado!

Assim, a beleza utópica de ser professor, a la Sebastião da Gama, na qual também eu já acreditei um dia é hoje o quê?
O que é ser professor?
Um ocupador de tempos livres, mal pago e desconsiderado, sujeito, tal como os médicos, até a ser alvo de agressões e de calúnias?
Um prostituto intelectual que aluga o seu cérebro e coração a "clientes" ordinários e de mau porte?
Com superiores como a Srª da DREN, ilustre funcionária do partido, entrar numa sala de aula, cada vez mais, pode ser um moderno pesadelo kafkiano.
Sabemos que entramos, mas não sabemos se, quando e como saímos?

Continuo a achar que ser Professor, assim com P grande, é das profissões mais nobres que pode existir, exigindo vocação, talento, paciência, abnegação...
Só que não como a sociedade está agora e, há que dizê-lo com toda a frontalidade, remar contra a maré cansa, não leva a lado nenhum e é um voluntário passo para se ser ostracizado pelos medíocres e invejosos que são a maioria e quem estabelece as regras do jogo...

Isto só lá vai com uma nova Maria da Fonte e a cabeça da Dona Margarida Moreira (metaforicamente) espetada numa estaca como exemplo de que as coisas vão de facto mudar...
Só que não vão! Criaturas como a senhora ainda vão ser premiadas com dois mandatos de deputada, para garantir choruda (primeira) reforma e posterior passagem para o conselho de admnistração da CGD, EDP ou até da TAP, para garantir uma outra bela reforma, a curto prazo. E o facto de a senhora não ser sequer licenciada
(é uma educadora de infância via "magistério primário") não importa, pois não tardará a ser detentora de qualquer mestrado escolhido em cardápio enviado para o Largo do Rato.

Como diria José Gomes Ferreira:
"Cala os olhos vagabundo (...) eu não quero ver o mundo, prefiro imaginá-lo!"
Como diria José Régio:
"Não sei por onde vou... sei que não vou por aí."
Como diria Eça:
"Portugal até é um belo país... é pena é ser mal frequentado"

Ouriço disse...

Grande Eça, sempre actual.

Eu gosto muito da minha profissão mas lá está, tenho essa consciência de que devemos (e devemos querer) aprender com os alunos. É uma troca, um intercâmbio. O problema às vezes é da arrogância de quem ensina.

É preciso ver também que a culpa das coisas não funcionarem, para além do próprio estado do país e da eventual má qualidade do corpo docente, como referes, está também no desinteresse geral, na falta de educação, vou mais longe, na má criação, por parte de quem aprende. Tudo isto é também geracional. Eu, por exemplo, na fase de final do secundário, fui incluída na "geração rasca". E hoje as coisas estão piores porque as pessoas não contestam nada... Faz impressão. Talvez estejamos todos com medo...

Pode haver uma Maria da Fonte. A mim preocupava-me mais um 28 de Maio de 1926. Com a arrogância que impera, não sei não...
Obrigada!

Mandrake disse...

Pois ainda há por aí muito "boa" gente que suspira não por um "28 de Maio de 1926" porque nem sabem o que isso foi, mas sim pelo rosto visível desse período negro da nossa história; o "ditador das botas", o Toninho Salazar!
É desesperante ouvir tanto imbecil, alguns dos quais já nascidos depois do 25 do 4, suspirarem: "Faz cá falta outro Salazar" ou "No tempo do Salazar isto não acontecia" a propósito de tudo e de nada!
Deveria criar-se um reality show para esses imbecis viverem 3meses a experimentar esses "belos tempos" numa simulação de um Tarrafal, com "sessões de manutenção física" providenciadas por "senhores vestidos de negro da PIDE" e privados do acesso ao mundo exterior, sem coca-colas e outros singelos produtos do nosso actual quotidiano que não eram comercializados entre nós, por decisão exclusva e unilateral do dito senhor.
E quanto ao ensino, esses broncos que são como as primeiras caixas do Continente, isto é as suas cabecitas só contemplam no máximo 10 itens, deveriam ser obrigados a decorar as linhas de caminho de ferro de Angola e Moçambique e outras informaçoes assaz úteis, sendo punidos com bastas reguadas a cada erro.
A Srª da DREN, de olhar e corpo bovino, deveria adorar cumprir, ela mesma, essas punições, em especial a professores com doenças cancerígenas em fase terminal que ousam andar a incomodar juntas médicas com seus "achaques", em vez de irem trabalhar a "bem da Nação"! Pelo menos eram alvos fáceis pois debilitados com a doença teriam manifestamente sérias dificuldades de locomoção, ainda mais que as suas próprias causadas pela sua balofa obesidade, e não poderiam assim fugir ao seu pesado braço de "justiceira castigadora"!
Estou convicto que uma enorme foto da senhora em todas as cantinas escolares deste país fara milagres com os petizes que não quisessem comer a refeição toda. Era só a funconáia dizer "Ou comes a sopa toda ou chamo a Guidona da DREN para te dar uma coça", apontando o frontispício da senhora na parede ao fundo da sala, que até repetiam a canja duas vezes!

Continuo a achar que ser professor é um sacerdócio, mas que, tal como na Igreja, isto está tudo uma enorme bandalheira!
E só nos resta ir ensinando com devoção, não "cantando e rindo", mas com a plena satisfação de agradarmos ao nosso melhor público: nós prtóprios, pois, mais que tudo, é o nosso próprio brio, a alegria do dever (bem) cumprido que nos deve dar alento para continuar.
É que essa dos cães ladrarem e a caravana passar já era! Hoje, a caravana praticamente já nem anda e os cães, esses "fiéis amigos", se lhes derem azo, já mordem, para além de nos fazerem "chichi nas pernas" se não estivermos atentos!

Termino com uma curta anedota que não tem nada a ver com isto, mas que tem a sua graça.

Pergunta: Sabem aquela do cão com três patas?
Resposta: Mijou e caiu!

Ana Paula Sena disse...

Embora chegue tarde ao debate, não posso deixar de dizer quanto a ser professor: não me imagino a fazer outra coisa qualquer com gosto. Faz parte de mim.
Quanto à citação (muito boa), estou 100% de acordo. No sentido de que aquele que aprende tem que "amar" o professor enquanto via para o saber. Isto, supondo que todo o aluno quer aprender.
Mas todo o que ensina, aprende também. É por isso que amo a minha profissão!
Beijinhos e agradeço a reflexão. :)