29 de outubro de 2007

O sétimo selo

Considero os romances históricos perigosos. Criam a ilusão de que se fica a saber tudo sobre um determinado período ou personagem, o que para que estudou História se torna numa ilusão complicada e pouco respeitadora para quem realmente mexe nos documentos, nas fontes. Evito-os muitas vezes por isso, o que não quer dizer que seja radicalmente contra. Li os Dan Brown, que ao fim de 4 me parecem todos iguais e parece-me impertinente, no mínimo, que se diga "o Dan Brown atribuí o acontecimento tal a tal". Imagine-se... Os romances históricos são agradáveis de ler, é certo. E nem todos temos que ter a capacidade de gostar de ler Alexandre Herculano, esse sim, autor de romances históricos de facto e de direito... Isto tudo para dizer, apesar da minha posição face aos ditos, que tenho lido a obra de José Rodrigues dos Santos, cuja preferência vai para A filha do capitão, por retratar um assunto por desbravar - A Batalha de La Lys - de forma rigorosa e o contrário para A fórmula de Deus, que não gostei de ler. Estou a ler O sétimo selo, que relata o problema actualíssimo da dependência do petróleo. O autor não é historiador, nem me parece que pretenda sê-lo, é um excelente jornalista, que sabe escrever e que sabe fazer investigação histórica. A sua leitura flui e é pedagógica.

3 comentários:

Mandrake disse...

"O Sétimo Selo" é um dos "principais" filmes do falecido Ingmar Bergman, lol...

Quanto à obra literária de José Rodrigues dos Santos, devo admitir nunca ter lido nada do senhor. Mas como ofereci ao meu pai, pelos anos, "A Fórmula de Deus", estava a pensar, nas férias de Natal, passar-lhe os olhos...

No entanto, como ele está a gostar de ler, vou oferecer-lhe os outros e sem dúvida que "A Filha do Capitão", pelo tema, deve ser o mais interessante...
É importante que se saiba a verdadeira história e dimensão da batalha de La Lys, onde, mais uma vez, os portugueses foram "carne para canhão"...
"Contra os canhões, marchar, marchar!", lá diz o nosso patriótico hino, em especial se os nossos "poderosos" aliados (?!), "como diria a chavalada hoje, "bazaram" e nos deixaram sózinhos na "batatada"...

Ainda hoje, pelas vilas e cidades do nosso Portugal, podemos encontrar placas com o nome dos "filhos da terra", os verdadeiros "meninos de sua mãe" que nessa batalha "jazeram mortos e arrefeceram"...
Foi de lá, se não estou em erro, que foi "trazido" um corpo que, sepultado no Mosteiro da Batalha, simboliza o "soldado desconhecido", mártir, tanta vez involuntário, da alheia "vã cobiça de mandar"...

Só por relembrar tal facto, o livro já valia a pena!

Ouriço disse...

E lá foram eles, com fardamento militar inglês, a roçar pelo chão e com as botas enormes, dadas as diferenças de estatura. Enfim... somos heróis.
Vale mesmo a pena começar por esse. Podemos emprestá-lo, é só dizer!

Ana Paula Sena disse...

Ainda não li nada dele mas vou ter em conta a tua indicação. Devemos estar atentos ao que se faz no nosso país. Neste caso, é um jornalista português por quem nutro simpatia. Apenas ainda não calhou, no meio de tanto que há sempre a ocupar o tempo.
Quanto ao romance histórico, não posso estar mais de acordo contigo. É certo que tem o mérito de divulgar alguns factos e acontecimentos, levando-os ao grande público, mas encerra os perigos da falta de rigor histórico que não podemos menosprezar.
Logo, poderá ler-se um romance histórico mas sempre com as devidas precauções.
Beijinhos!!