Desapareceu há algum tempo. Faz parte daquela categoria de pessoas que desaparecem mas nunca desaparecem porque para quem fica não faz sentido que desapareçam e por isso nunca se acredita que desapareceram. E por isso ficam. Ficam sempre. Conheci-o mal. Não tive possibilidade de o conhecer melhor. Era "meu" por afinidade. Não me viu nascer. Não me viu crescer. Mas quando me viu a primeira vez, sorriu-me e eu fiquei-lhe. E ele ficou-me. Alto, porte de senhor. Não. Porte de grande senhor. No entanto, não era cheio de si. Não precisava. Era ele e isso bastava-lhe. Os olhos eram pretos, vivos, muito vivos. Esperto. Espertíssimo. Todo pela família. A vida inteira pela família. Bem disposto. Acutilante. Gostava muito de mim. Sem reservas. E eu dele. Muito. O "meu" por afinidade, quando chega à minha memória, faz-me sorrir, como ele. Deixou obra feita e bem feita. Curioso, para quem não teve filhos. Curioso. Ficou-me como uma referência. Deixou saudade. Mas ficou. Comigo. Connosco. No dia dos meus anos, a par do outro telefonema que me falha e me faz falta, o dele faz-me falta. Todos os anos desde que deixei de o receber. Era. Ficou.
7 de fevereiro de 2008
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4 comentários:
:-)
(Muito bonito.)
que bommmmm!!!
A memória é o nosso melhor património. Essa e a saúde.
:)
"Há sempre que nos faz falta
Ai Saudade"
beijocas
Célia
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