A minha visão realista, pese embora feliz, da maternidade nunca me permitiu devaneios como "ai que bom estar grávida", "ai que maravilha dormir pouco", etc. Achei sempre que isto de ser mãe havia de trazer, mesmo antes da tenebrosa adolescência (coitada da minha mãe que teve de me aturar), amargos de boca. De repente, sentimo-nos na eminência (ou de facto) de cabeça perdida com a frustração (a nossa colada à deles) de não os conseguir fazer atingir um objectivo. Porque o bem estar deles, o que passa também pelo cumprimento dos seus afazeres diários, pela sua auto estima e saúde cerebral, não se limita portanto ao óbvio e às vezes torna-se um desafio de nervos. Porque ser mãe não traz como pressuposto saber sempre manter a calma (e aqui entra a frustração de não ter a calma olímpica da minha mãe, tenho desgraçadamente essa falha no meu código genético), não traz livro de instruções e não traz a obrigação divina de saber como reagir nas (des)alegrias da maternidade. E às vezes falhamos, acima de tudo porque queremos ser uma referência de serenidade, pese embora de rigor. São as (des)alegrias da maternidade, que nos frustram a nós, a eles e que tornam alguns dias piores do que outros, fazendo dos factores macroeconómicos, menores e insignificantes perante questões de fundo microfamiliar.
18 de outubro de 2010
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1 comentário:
Como te entendo.....e estou contigo...quando me diziam gravidez é um estado de graça...para mim não foi mesmo!! Foi uma fase terrível!! Beijinhos
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