30 de julho de 2012

Não há de ser maior

Estou numa nau rumo a um destino. A viagem faz-se de anseios. À tempestade segue-se a calmaria. O mar muda as cores. O céu insurge-se, ora furioso, ora apaziguador. Parece uma guerra de armas modernas que não se coaduna com o tempo ao qual pertence a minha nau. Nesta há um físico, douto e seguro, que enumera raízes e outras mezinhas, que podem levar-me bom porto. Faço paragens para abastecimento, durmo, rio, choro, penso muito e vejo que o mar e o céu já têm outras cores. Cheguei há dias a Ceuta, passei mal mas prossigo viagem. Não estou sozinha. Levo os meus. Os meus preciosos meus. São a âncora da nau e de mim. Vou fazer paragens, vou passar mal. Hei-de dobrar as Tormentas e hei-de olhar nos olhos o velho Adamastor. Ele há-de rodar várias vezes, mais de três mas venha ele e o que vier, como em Pessoa, não há-de ser maior que a minha alma.

4 comentários:

Carla Ferreira de Castro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carla Ferreira de Castro disse...

Quem leva isto na alma despida tem alma pronta para muitas tormentas! Também tenho um bilhete de lugar para essa nau, contigo, com os teus e com os meus, sempre!

Anónimo disse...

Aproxima-se mais uma miserável tempestade e estamos já a bordo, com coletes de salvaçao e pulseiras contra o enjoo. Que avance...a tripulação está a postos!

Anónimo disse...

Tenho tantas saudades suas... tantas !!!