Estou numa nau rumo a um destino. A viagem faz-se de anseios. À tempestade segue-se a calmaria. O mar muda as cores. O céu insurge-se, ora furioso, ora apaziguador. Parece uma guerra de armas modernas que não se coaduna com o tempo ao qual pertence a minha nau. Nesta há um físico, douto e seguro, que enumera raízes e outras mezinhas, que podem levar-me bom porto. Faço paragens para abastecimento, durmo, rio, choro, penso muito e vejo que o mar e o céu já têm outras cores. Cheguei há dias a Ceuta, passei mal mas prossigo viagem. Não estou sozinha. Levo os meus. Os meus preciosos meus. São a âncora da nau e de mim. Vou fazer paragens, vou passar mal. Hei-de dobrar as Tormentas e hei-de olhar nos olhos o velho Adamastor. Ele há-de rodar várias vezes, mais de três mas venha ele e o que vier, como em Pessoa, não há-de ser maior que a minha alma.
30 de julho de 2012
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4 comentários:
Quem leva isto na alma despida tem alma pronta para muitas tormentas! Também tenho um bilhete de lugar para essa nau, contigo, com os teus e com os meus, sempre!
Aproxima-se mais uma miserável tempestade e estamos já a bordo, com coletes de salvaçao e pulseiras contra o enjoo. Que avance...a tripulação está a postos!
Tenho tantas saudades suas... tantas !!!
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