13 de dezembro de 2007

Festas de Natal

Depois de um dia produtivo passado em reunião científica, lá vou eu mais rica pela absorção de conhecimentos, à festa de Natal nº 2 da semana, a da minha criança mais pequena. Corro, recolho o mais velho e encontramo-nos com o pai para um lanche. E chega a hora. Preparados? Espero que sim, porque eu nunca estou preparada para este programa. Em instituição secular e prestigiada, prepara-se a festa do Natal. Gente, mães, pais, avós, primas, tios e amigos. Bla, bla, bla, e porque vão para o ski (o raio da mania do ski...), e porque tiveram a demonstração da bimby (sim, sim, tenho uma) e porque as toilettes do Natal e bla bla bla. Uma jet set, bem "educadíssima", passa à frente de toda a gente. E porque não? Aparece nas revistas!!! Quem somos nós, trabalhadores honestos e pais de família? Lá estou eu com o meu mau feitio.... A porta abre e começam as cotoveladas, a histeria, a nervoseira, a que se junta a parvoice aguda. "O Manuel e o Francisco, que chatice, não os vejo!!!". Breathe in, breathe out. E o que interessa, perante um presépio vivo que relata o espírito do Natal, é atender o "tefone" e dizer que está cá em cima e não a encontra, ou que o Zé está sem som no tefone!!! Pois!!! Porque o que interessa é atender o tefone, em plena instituição religiosa, em plena festa dos filhos.... Dos filhos não, do filho, porque o dos outros não interessa. O nosso é que é "o máximo" e faz ski, claro. O nascimento de Jesus, o espírito secular católico, o amor ao próximo, assim se desvanecem, em nome da feira as vaidades.
E eu, que sou eu, que detesto muita gente junta, detesto má criação, detesto gente que não vale um caracol e que se julga "fantáaaastica", adoro gozar o prato. E já defendia o grande Eça, que Portugal era um país de valor mas muito mal frequentado.
Quanto ao meu desejo de Natal? É simples: que os meus filhos sejam pessoas decentes. Educadas, conhecedoras, humildes, seguras e atentas ao próximo, mesmo que tenham uma bimby e mesmo que decidam fazer ski.
E desculpem-me, caros leitores, a minha verborreia.

3 comentários:

Mandrake disse...

A vida, por vezes, é um sufoco, com tanta mediocridade a sufocar-nos, quase como que um pesadelo inspirado em Kafka... com aranhas e tudo...

O remédio é o humor: é a perpicácia em sacar o ridículo das pompas e circunstâncias, das griffes da "boutique alcofa", e, mentalmente, ir elaborando saborosos "nacos de prosa" que nos fazem levitar acima do inócuo atávico e sorrir...

It happens all the time! É um corso carnavalesco constante, um desfile de vacuidades balofas...

Os tais "bimbalhões urbanos", muitas vezes de subúrbio, como a "outra" que vivia em "Saint Antoine des Chavaliers"...

Vêm de todo o lado, pressurosos, narizes arrebitados, procurando atingir a dimensão da sua sombra vislumbrada em "estiosos" fins de tarde, "la crème de la créme", verdadeiros embaixadores da "fina flor do entulho", arautos da arrogância acéfala... São aqueles que, por pobreza de espírito, do Céu se acham merecedores...

Eles "andem" aí! Cuidado, não tropecemos nalgum!
São viscosos... o "algodão não engana"!

esquilo disse...

eu cá como vivo na "probinchia" prefiro apesar de tudo o pastor (sim, ainda há pastores!) que nos diz sempre: "ora então umas santas tardes" a estes (dos quais estou rodeada onde trabalho) que só me falta dizerem às vezes que fora de Cascais não há vida...

n©n disse...

AMEI!