(a pensar nelas e na Aurea, hoje em especial)
Chegaram ao posto de trabalho e foram apresentadas como colegas. Tinham exactamente a mesma idade, produção de 1975. "Como está?", "como está?". Identificaram-se mas fizeram cerimónia. Durante muito tempo fizeram cerimónia. Um dia, um terceiro impôs o tratamento por tu. Foi respeitado entre pares mas elas não conseguiram tratar-se por tu. Foi difícil. Demorou uns tempos. Até ao dia em que se decidiu que, em definitivo, não fazia sentido que se tratassem de outra maneira. Falaram. Falaram muito. Trocaram ideias. Trocaram histórias. Trocaram angústias. Perceberam o gosto comum por livros e canetas. Trocaram angústias profissionais. Acompanharam uma gravidez. Viram crescer, dia para dia, uma barriga. Viveram, intensamente, os acontecimentos dessa mesma gravidez. Tanto que era impossível não serem elas para o resto da vida. Foram-se embora. Mantiveram os contactos em conversas mais espaçadas. As angústias da vida uniram-nas. Seguraram-se na passagem da ventania. Ela passou. Elas mantiveram-se de pé. Hoje, saboreiam a brisa. Apreciam o sol, apesar da diferença significativa nos horários balneares. Seguram-se simplesmente para viver. Hoje, quando brincam, esquecem o "tu" e tratam-se como no princípio. Elas existem faz agora uma data de anos.
Chegaram ao posto de trabalho e foram apresentadas como colegas. Tinham exactamente a mesma idade, produção de 1975. "Como está?", "como está?". Identificaram-se mas fizeram cerimónia. Durante muito tempo fizeram cerimónia. Um dia, um terceiro impôs o tratamento por tu. Foi respeitado entre pares mas elas não conseguiram tratar-se por tu. Foi difícil. Demorou uns tempos. Até ao dia em que se decidiu que, em definitivo, não fazia sentido que se tratassem de outra maneira. Falaram. Falaram muito. Trocaram ideias. Trocaram histórias. Trocaram angústias. Perceberam o gosto comum por livros e canetas. Trocaram angústias profissionais. Acompanharam uma gravidez. Viram crescer, dia para dia, uma barriga. Viveram, intensamente, os acontecimentos dessa mesma gravidez. Tanto que era impossível não serem elas para o resto da vida. Foram-se embora. Mantiveram os contactos em conversas mais espaçadas. As angústias da vida uniram-nas. Seguraram-se na passagem da ventania. Ela passou. Elas mantiveram-se de pé. Hoje, saboreiam a brisa. Apreciam o sol, apesar da diferença significativa nos horários balneares. Seguram-se simplesmente para viver. Hoje, quando brincam, esquecem o "tu" e tratam-se como no princípio. Elas existem faz agora uma data de anos.
7 comentários:
Uma coisa que a distÂncia me ensinou, foi que quem é amigo, é amigo para sempre independentemente de tudo.
Desde que estou em Lisboa, perdi muitos momentos das pessoas que mais amo, e tive que aprender a lidar com isso.
Mas, desta vez, morreu um familiar duma amiga..tragicamente.. e doeu não lá estar..
A vida pôs-nos mais uma vez à prova..
Adorei o texto pela profundidade, que consegue ao mesmo ser simples..
Obrigado.
Beijinho e até sabado
Ela emocionou-se ao ler isto.
E está para ficar, com as diferenças balneares todas que só dão graça a esta caminhada.
Elas vão existir por muitos mais.
Simplesmente para viver. Simplesmente.
Está certo mas a ver se este ano conseguimos ir TODOS à praia, com a miugagem e baldes e sandochas. Teremos de arranjar horários compatíveis. Terei de consultar a razão do fã clube, no sentido de saber qual o horário a adoptar na época 2008 .. Ah pois é.
Muito, muito bonito.
Assim muito.
A vida pôem-nos muitas vezes à prova, e nós temos de superá-las, por muito que nos custe e nos magoe.
beijocas e até sábado
Fantástico o poder da palavra, o poder da blogosfera.
O nosso grupo gastronómico, e não só, "Gang da Sapataria & Family & Friends", não pára de aumentar.
Já se esboçaram amizades na partilha diária dos nossos blogues e, na altura em que, by the very first time, as pessoas se conhecem "ao vivo e a cores", até parece que já são velhos companheiros de viagem, nesta vida que só pode ser vivida assim: com a alegria da amizade, o abraço da solidariedade, a mística e tácita cumplicidade que faz de nós aquilo que somos, que faz do nosso clã, o suave porto de abrigo a que todos nós temos orgulho de pertencer.
Até sábado, até sempre!
PS- Estarei a ficar com uma prosa muito lamecha? Acabarei a escrever novelas a meias com o Tó Zé Martinho ou livros repartidos com a Rosa Lobato de Faria?
Tudo menos um programa a meias com a Cristina Caras Lindas...
PS 2- O que importa dizer não carece de ser expresso sequer em palavras: está intrinsecamente inscrito na espírito de todos nós...
PS 3- Não tarda muito, com a embalagem que o nosso Gang está a criar, ainda acabamos como um movimento destinado a criar um partido político alternativo.
O Manuel Monteiro começou com pouco mais, em quantidade, e, incomparavelmente muito menos, em qualidade...
Who knows?
Está feito, cria-se o MPSC - Movimento Pés Sem Crocs - parece-me uma bela ideia. E convidamos, evidentemente, a Cristina.
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