As pessoas, por si e nisto da viagem, davam muitas páginas escritas. Há várias tipologias de pessoas no caminho. A viagem transforma quem acompanha o marinheiro vitimado pela epidemia, não muda só o marinheiro. No meu caso, sou privilegiada na medida em que sou a mulher do comandante. Tem a mão no leme, não tem medo de nada, percebe tudo o que o físico grita lá do alto da gávea. A água do comandante é aquela que nunca apodrece, por isso ele nunca tem sede. Tem a força semelhante à do mar. A nau está cheia de pessoas. A família está lá toda, dotada de espírito científico avançado para o tempo da minha nau. Os meus descendentes são a energia da nau. Os filhos, nisto da viagem, são o grande motor, o grande estímulo e o grande prémio de consolação. Têm a força semelhante à do vento. Depois estão muitos outros, os amigos. Os de sempre, os que já conhecem os caminhos anteriores a este malfadado marejar. Os que reapareceram como se ainda ontem tivessem estado comigo, os incrivelmente longínquos que marcam presença, os do dia a dia que se revelam fortes como rochedos, os que moram perto e entram para dentro da nau, os que até nos diziam pouco ou nada e se revelam presentes. Têm a força da terra que se avista do mar e que representa o solo firme, o porto de abrigo. A tripulação representa na viagem um papel importante, ajuda a olhar para o futuro e a tolerar melhor o acre sabor das raízes.
28 de novembro de 2012
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2 comentários:
Porque os verdadeiros coletes que salvam vidas serão sempre os amores... E enquando a Bússola te continuar a indicar o caminho do coração, estarás sempre segura, sempre salva!
:) Os filhos são mesmo a roda motriz... Beijos
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