Depois de um dia produtivo passado em reunião científica, lá vou eu mais rica pela absorção de conhecimentos, à festa de Natal nº 2 da semana, a da minha criança mais pequena. Corro, recolho o mais velho e encontramo-nos com o pai para um lanche. E chega a hora. Preparados? Espero que sim, porque eu nunca estou preparada para este programa. Em instituição secular e prestigiada, prepara-se a festa do Natal. Gente, mães, pais, avós, primas, tios e amigos. Bla, bla, bla, e porque vão para o ski (o raio da mania do ski...), e porque tiveram a demonstração da bimby (sim, sim, tenho uma) e porque as toilettes do Natal e bla bla bla. Uma jet set, bem "educadíssima", passa à frente de toda a gente. E porque não? Aparece nas revistas!!! Quem somos nós, trabalhadores honestos e pais de família? Lá estou eu com o meu mau feitio.... A porta abre e começam as cotoveladas, a histeria, a nervoseira, a que se junta a parvoice aguda. "O Manuel e o Francisco, que chatice, não os vejo!!!". Breathe in, breathe out. E o que interessa, perante um presépio vivo que relata o espírito do Natal, é atender o "tefone" e dizer que está cá em cima e não a encontra, ou que o Zé está sem som no tefone!!! Pois!!! Porque o que interessa é atender o tefone, em plena instituição religiosa, em plena festa dos filhos.... Dos filhos não, do filho, porque o dos outros não interessa. O nosso é que é "o máximo" e faz ski, claro. O nascimento de Jesus, o espírito secular católico, o amor ao próximo, assim se desvanecem, em nome da feira as vaidades.
E eu, que sou eu, que detesto muita gente junta, detesto má criação, detesto gente que não vale um caracol e que se julga "fantáaaastica", adoro gozar o prato. E já defendia o grande Eça, que Portugal era um país de valor mas muito mal frequentado.
Quanto ao meu desejo de Natal? É simples: que os meus filhos sejam pessoas decentes. Educadas, conhecedoras, humildes, seguras e atentas ao próximo, mesmo que tenham uma bimby e mesmo que decidam fazer ski.
E desculpem-me, caros leitores, a minha verborreia.